Texto: Bety Rita Ramos / Revisão: Felipe Duarte
Hoje, 16/7, é o Dia Mundial da Cobra e o Instituto Brasília Ambiental aproveita a data para ressaltar o importante papel ecológico que esses animais desempenham no meio ambiente. “Há na cultura popular um receio grande com relação às serpentes. No entanto, elas exercem um papel ecológico fundamental no controle de roedores que contribuem na disseminação de zoonoses. Além disso, colaboram no equilíbrio da cadeia ecológica quando servem de alimento para aves, mamíferos e até mesmo outras serpentes”, explica o biólogo da Gerência de Fauna Silvestre (Gfau) da autarquia, Thiago Silvestre.
Ele acrescenta que as serpentes possuem também grande importância para a medicina e prevenção de acidentes ofídicos, por meio do uso do seu veneno para a produção de soros antiofídicos, que são ministrados nos principais hospitais e referências do Distrito Federal.
De acordo com estudos científicos, o Cerrado possui em média 117 espécies de serpentes registradas. “Um número alto destes indivíduos configuram-se como não peçonhentos, e acabam sendo mortos por conta do pavor que as pessoas possuem pelos que possuem veneno. Neste sentido, caso encontre uma serpente em ambiente urbano, a melhor forma de lidar é manter a distância e chamar o Batalhão da Polícia Militar Ambiental por meio do telefone 190. Cabe ressaltar que matar indivíduos da fauna silvestre, incluindo as serpentes, configura crime ambiental por meio da Lei 9.605, sujeito a pena de prisão e multa”, adverte Silvestre.
Outro fator de suma importância, ressaltado pela equipe da Gfau, é a necessidade de educar as crianças, desde cedo, a evitar chegar perto de serpentes. “E também, se possível, orientá-las a identificar as principais espécies, e a chamar um adulto assim que verificar a presença do réptil nas proximidades”, completam.
Conscientização – Entre as iniciativas do Brasília Ambiental voltadas à conscientização da importância desse animal estão: o lançamento do Cartaz das Serpentes do Cerrado, em 3 de junho último, que marcou a abertura da Semana do Meio Ambiente e o Dia Nacional da Educação Ambiental; e a sinalização da moradia de uma cobra da espécie jararaca na Estação Ecológica de Águas Emendadas (Esecae), onde as cobras são muito presentes em números e espécies. A moradia fica a 90 metros da administração da Estação.
O Cartaz integra a coleção Eu Amo Cerrado, desenvolvido pela Unidade de Educação Ambiental (Educ) da autarquia. A coleção visa a levar informações sobre biodiversidade do bioma, despertando a curiosidade e sensibilização o público para a preservação das riquezas naturais.
A educadora ambiental do Instituto, Mariana dos Anjos, destaca a importância de a população tomar consciência que as cobras têm papel fundamental para o equilíbrio ecológico do Cerrado. “De forma a mudar o pensamento de tomar esses animais como inimigos e matá-los. Qualquer ação que leve à dizimação deles é muito prejudicial ao meio ambiente”, enfatiza.
No que se refere à sinalização da casa da jararaca na Esecae, a educadora ressalta que é uma atitude de valorização e proteção do animal. Ela conta que a moradia, no primeiro momento, foi entendida como a Casa do Tatú. Mas com o trabalho da também educadora ambiental, Clebiane Pereira, de observação do espaço, foi identificada a verdadeira moradora: uma jararaca. A partir daí a casa foi devidamente identificada.
Dos Anjos explica que a identificação foi importante para o estudo dos hábitos do animal. “Como, por exemplo, se ela fica mais dentro da casa ou se saí para tomar sol, em que horários os deslocamentos dela ocorrem e a duração deles, entre outras informações. Saber esses hábitos é fundamental para orientar os visitantes locais, de forma que nem o animal, nem as pessoas sofram qualquer prejuízo e possam manter uma relação harmônica”, esclarece.
Educação Ambiental – A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, destaca a relevância da promoção da educação ambiental, especialmente, com relação aos animais silvestres. “Ações que geram o entendimento do papel de cada animal na manutenção do equilíbrio ecológico são fundamentais para despertar a consciência da população sobre a importância de preservar o meio ambiente”, disse.
O presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, lembrou que as ações de educação ambiental levam à transformação de hábitos. “Eu mesmo sou fruto destas ações de educação ambiental, pois eu, que sou um arquiteto urbanista e nunca imaginei que aprenderia tantas coisas relacionadas à área ambiental, após assumir a Presidência do Brasília Ambiental, tenho agora a minha visão de mundo totalmente diferente, transformada. A minha vida hoje é o meio ambiente”.
Origem – Apesar de a origem da atribuição do 16 de julho ao Dia Mundial das Cobras não ser muito clara, a data é celebrada em todo o mundo como uma oportunidade de se promover uma reflexão sobre a necessidade de conservação das serpentes ao redor do planeta.
Cientificamente, a forma correta de nomear o animal é “serpente”. O termo “cobra” é utilizado apenas para se referir às espécies de najas. Porém, no Brasil, popularmente se fala tanto cobra quanto serpente. Algumas cobras típicas do Brasil são: cobra cascavel, coral verdadeira, jararaca-de-alcatrazes, jararaca-ilhoa, jararaca-cruzeira, cobra-verde, falsa coral, jiboia, dentre outras.
Existem mais de três mil espécies de cobras espalhadas pelo mundo, sendo que um quarto delas é venenoso. Só no Brasil são cerca de 400 espécies. Apesar do importante papel ecológico delas, muitas espécies encontram-se criticamente ameaçadas de extinção, inclusive algumas brasileiras. As causas são o desmatamento e a caça, além do comércio ilegal das espécies. Por isso, é importante não matar as cobras e preservar seu habitat.
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