Texto: Bety Rita Ramos / Revisão: Mariana Parreira
Na manhã de hoje, 24/7, foi dado o primeiro passo para o início do processo, reconhecidamente longo, de tornar a Estação Ecológica de Águas Emendadas (Esecae), administrada pelo Instituto Brasília Ambiental, Patrimônio Mundial Natural da Humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A apresentação da proposta aconteceu na própria Esecae, durante reunião do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental do Comitê de Bacias Hidrográficas Maranhão-Distrito Federal (GTEA CBH Maranhão-DF).
A iniciativa envolve um grupo amplo de pessoas e entidades interessadas na preservação da Unidade de Conservação, como pesquisadores do Coletivo Guardiões do Mestre Darmas, da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Federal de Brasília (IFB), responsáveis pela construção, preliminar, do inventário e dossiê a ser apresentado à Unesco.
O pesquisador e professor do IFB, Adailton Oliveira, explica que o encontro de hoje objetivou, além de apresentar, em primeira mão, a proposta, mostrar in loco para os membros do Comitê de Bacias Hidrográficas todo o potencial da Unidade que justificaria a candidatura ao título.
Segundo ele, a Unesco tem dez critérios de seleção para considerar a possibilidade de que algo se torne patrimônio mundial, mas exige atendimento de apenas um deles para avaliar essa possibilidade. “A Esecae atende a pelo menos três desses critérios: área de interesse científico (é espaço de pesquisa), fenômeno único no mundo (o das águas emendadas), e uma grande beleza cênica inegável. Então, isso é o que nos motivou a pensar nessa proposta: preservar esse espaço científico, o fenômeno e a beleza deste lugar”, justificou.
O agente de Unidade de Conservação do Instituto, gestor da Esecae, Gesileu D`Arc, enfatizou que a Estação Ecológica tem uma importância gigantesca na formação de duas grandes bacias hidrográficas: Tocantins/Araguaia e Platina ou bacia do Rio da Prata. “O que representa distribuição de água para o Brasil inteiro”, avaliou.
O gestor lembrou ainda que a Esecae é uma porção dentro de um grande aquífero, que precisa ser cuidado. “Estando inserida nesse cenário, teremos maiores possibilidades de traçar políticas públicas, de coordenar ações a nível distrital, nacional e internacional, voltadas à preservação da Estação”, avaliou se referindo a possível conquista do título de patrimônio mundial natural.
Gesileu recordou que a Estação já tem uma “ponte” com a Unesco que é o Escudo de Água e Patrimônio, láurea concedida para uma reserva natural latino-americana de forma inédita em 2018, devido à significativa proteção de sua paisagem hídrica.
A vice-governadora, Celina Leão, destacou a importância da iniciativa. “Cuidar do meio ambiente é garantir um presente e um futuro melhor para todos. A Estação Ecológica de Águas Emendadas é uma das nossas mais importantes reservas naturais. Torná-la patrimônio mundial natural é reconhecer sua excepcionalidade para a humanidade, é garanti-la para as futuras próximas gerações”, disse.
O presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, ressaltou a importância ecológica da Esecae. “Além da contribuição para a formação das bacias hidrográficas que lhe rendeu o nome, a Estação guarda grande biodiversidade da fauna e flora do Cerrado, o que lhe atribui absoluta importância e justifica a iniciativa dos pesquisadores, totalmente apoiada pelo Brasília Ambiental. A inclusão na lista da Unesco confere reconhecimento global à área, atrai atenção internacional para sua importância e incentiva sua conservação”, lembrou.
Comitê de Bacias – A analista de planejamento urbano e infraestrutura do Brasília Ambiental, que é também secretária geral do CBH Maranhão-DF, Patrícia Valls e Silva, destacou a importância dos Comitês de Bacias. “Os Comitês são locais de integração, tanto do poder público como de usuários, e a sociedade civil no âmbito de recursos hídricos. Dentro dos Comitês temos a função de articular a conversa entre os entes, dirimindo conflitos no que se refere a recursos hídricos”, esclareceu.
O encontro contou com participantes dos Comitês das Bacias do Maranhão-DF e do Paranaíba-DF. Fez parte da agenda anual dos Comitês, que inclui visitas técnicas e capacitação dos membros. E objetivou que os membros conhecessem a Estação.
A analista afirmou que a importância da Esecae é sempre pauta dos Comitês. “A iniciativa de tornar a Estação patrimônio da humanidade vem complementar as ações dos Comitês, super conscientes de sua importância ambiental. O último debate que tivermos mais a fundo nos Comitês, por exemplo, foi a proposta da criação da APM (Área de Proteção de Manancial) Águas Emendadas. É que temos outras APMs no entorno, mas a parte norte da Estação está descoberta. Então, essa iniciativa se soma às nossas ações visando a proteção dessa unidade”, esclareceu.
O DF faz parte de cinco Comitês de Bacias Hidrográficas: dois são federais (Bacias do Rio Paranaíba e do Rio São Francisco). E dentro do DF existem três Comitês: o do Rio Paranaíba-DF, do Rio Preto-DF, e do Rio Maranhão-DF.
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