Governo do Distrito Federal
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10/05/21 às 9h57 - Atualizado em 13/02/23 às 14h03

Perguntas Frequentes sobre caracol africano

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O caracol conhecido como caracol-gigante-africano, pertence a espécie – Lissachatina fulica – e se originou no leste africano. A partir dessa região, proliferou-se para diversas partes do planeta, inclusive o Brasil. Sua disseminação pelo mundo ocorreu por meio do transporte intercontinental de cargas e também de forma intencional em alguns locais, por meio de importações. No Brasil, os caracois-gigantes-africanos foram importados por cooperativas do Paraná na década de 80 no intuito de comercializá-los como uma alternativa culinária em substituição ao escargot que é um molusco da espécie Helix aspersa maxima, muito apreciado na culinária francesa. Tais expectativas de mercado acabaram não se concretizando, levando ao abandono dessas criações, viabilizando sua proliferação para praticamente todo o território nacional.

 

Essa característica deve-se ao fato destes moluscos serem muito eficientes para sobreviver e se reproduzir. O fato de não terem predadores naturais, alia-se ao fato de crescerem relativamente rápido, pois são resistentes e capazes de consumir uma ampla gama de alimentos. Quando tem cerca de seis meses de idade se tornam hermafroditas, ou seja, desenvolvem órgãos reprodutivos femininos e masculinos. Algumas semanas após o acasalamento, cada caracol pode depositar entre 10 e 400 ovos, dependendo das condições ambientais. Por causa dessas características, suas populações crescem de forma acelerada.

 

No Cerrado, existe um caracol com o porte semelhante ao do caracol-gigante-africano denominado aruá-do-mato – Megalobulimus sp. Geralmente possuem a concha com um formato mais arredondado e em tons mais claros, enquanto o molusco africano possui concha mais alongada e tons mais castanhos. Outra característica notável é que enquanto os aruás-do-mato raramente apresentam-se em quantidade maior a um indivíduo na natureza, dificilmente você encontrará caracois-africanos isolados.

 

Considerando que já foram catalogados indivíduos da espécie portadoras de parasitas capazes de trazer sérias complicações à saúde humana, não é recomendada a ingestão desses indivíduos, independentemente de sua forma de preparo.

 

Dado o alto nível de proliferação destes moluscos exóticos no país, em 2005 foi editada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama a Instrução Normativa n.º 73, que proíbe a criação e comercialização dos caracois-gigantes-africanos e de seus ovos. Dessa forma, não é permitido o manuseio da espécie seja para quaisquer fins.

 

Os caracois-gigantes-africanos são hospedeiros intermediários de larvas de nematódeos responsáveis pela transmissão de duas doenças: a angiostrongilíase abdominal e a meningoencefalite eosinofílica. O fato destes moluscos serem hospedeiros, não quer dizer que todos estejam infectados. Independentemente disso, é de suma importância que sempre que haja a necessidade de fazer o manejo desses indivíduos em sua residência, que sejam adotados todos os cuidados para evitar o contato direto com o animal.

 

Não é recomendada a eliminação destes e de outros moluscos por meio da utilização de sal. Além dessa prática não ser eficiente o bastante para eliminar os caracois, há grandes chances dela salinizar os solos e contaminar os lençóis freáticos, caso seja amplamente difundida. Ademais, tal prática não garante a destruição da concha e nem dos ovos. Vale lembrar que as conchas vazias podem servir como reservatórios de água que servem como criadouro para o mosquito da dengue.

Acondicioná-los em sacos de lixos comuns ou reforçados estaria transferindo o problema do seu lote para outro local ou região, considerando que provavelmente esse saco se romperá dentro do caminhão de lixo, no aterro sanitário ou até mesmo na rua aguardando a coleta, considerando que os caracois conseguem romper facilmente esse tipo de invólucro.

 

A catação manual dos caracois-africanos e seus ovos é a melhor forma de eliminação dessa espécie. Em diversos casos onde a catação manual foi realizada periodicamente durante a época chuvosa, implicou em um número bastante reduzido destes indivíduos e seus ovos na estação chuvosa subsequente.

A seguir citaremos o passo-a-passo a adotado para o manejo adequado e seguro dos caracois-africanos e ovos em seu quintal e a melhor disposição final.

1. Primeiro passo, afaste as crianças e animais domésticos do local.

2. Diferenciar quais são os caracóis exóticos e nativos (se houver) e dar início ao controle.

3. Se for o caracol-gigante-africano você deverá realizar a sua coleta de duas a três vezes por semana nas horas menos quente do dia com vistas a eliminá-los definitivamente do seu quintal.

4. Cobrir as mãos com luvas ou sacolas plásticas para realizar a coleta.

5. Separe um recipiente que servirá apenas para esse fim (balde velho, lata de tinta vazia) para descartar o caracóis-africanos coletados.

6. Coloque os caracóis-africanos adultos, jovens e seus ovos (branco e amarelados que ficam geralmente semienterrados) nesse recipiente tampando-o para não deixá-los fugir.

7. Após o fim da coleta, esmague os caracóis-africanos e seus ovos dentro desse recipiente utilizando um material como um pedaço de madeira, certificando-se de que todas as conchas foram quebradas.

8. Encha esse recipiente com uma solução composta por água sanitária e água, sendo uma parte de água sanitária para cada duas de água até que todos os restos dos moluscos e ovos fiquem cobertos. Tampe por 24 horas.

9. Após as 24 horas, descarte o líquido do recipiente e jogue o resto dos caracóis-africanos, conchas e ovos esmagados em uma cova rasa, de preferência com uma pá de cal ao fundo e cubra com terra.

 

9. Posso tocar sem luvas no visco deixado pelos caracois-africanos no chão e nas paredes?

Em áreas onde existem caracois-africanos, estes costumam deixar rastros de muco pelo caminho percorrem. Deve-se evitar entrar em contato com esse visco com as mãos nuas estendendo-se o cuidado principalmente a crianças que costumam levar a mãos aos olhos e boca após brincarem nesses locais.

 

10. Existe algum risco para o meu animal de estimação (cão/gato) ao se alimentar de caracois-africanos?

Os moluscos, em geral, que habitam áreas residenciais podem portar parasitas que fazem mal a cães e gatos domésticos principalmente, se estes animais tiverem o hábito de comer esses indivíduos com frequência. Portanto, aconselha-se a coleta manual e destinação apontadas no item 8.

 

11. O Distrito Federal possui alguma estratégia para combate a proliferação do caramujo-africano?

Após a realização do 1º Workshop de Espécies Exóticas Invasoras da Flora e Fauna do Distrito Federal, o Instituto Brasília Ambiental mantém uma parceria com o Laboratório de Biologia Evolutiva da Universidade de Brasília – UnB que tem como objetivo subsidiar o Plano Distrital, trazendo um panorama de percepção dos brasilienses com relação aos caracois-africanos, além de análises biológicas e parasitária de indivíduos coletados nas mais diversas regiões da cidade.

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